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Desde que descobri o câncer de mama em 2022 e, agora, novamente me encontro em tratamento para um tumor que resolveu dar as caras, me questiono sobre como é (con)viver entre alegrias e tristezas. Celebramos o aniversário de alguém querido e, no dia seguinte, choramos diante de um resultado negativo? Compartilho que me sinto melhor e mais disposta, enquanto minha querida avó está há mais de dois meses no hospital, em estado delicado, após um atropelamento? Dou risadas com as fofurices do meu cachorro enquanto o mundo se divide de maneira estranha e forças ainda mais esquisitas espalham medo e ódio?


Desde que descobri o câncer de mama em 2022 e, agora, novamente me encontro em tratamento para um tumor que resolveu dar as caras, me questiono sobre como é (con)viver entre alegrias e tristezas.


Não é fácil.


É possível nos dividirmos em dois? Um "eu" para lidar com as tragédias, outro para aproveitar as alegrias, sem que um esbarre no outro? Ou simplesmente coexistimos nessa dualidade? É assim que me sinto a cada dia. E, junto a isso, um misto de culpa, talvez? Mesmo sabendo que não posso – e nem tenho a responsabilidade – de curar as dores do mundo, fica aquela pergunta persistente: o que posso fazer para ajudar?


Outro dia, durante uma super power aula de Kundalini Yoga – na qual agitamos nossos corpos por 50 minutos em um ritmo frenético e alegre –, ao final, a instrutora nos propôs um mantra em homenagem à mãe de uma das alunas que havia falecido. Ela explicou que o mantra poderia ser feito até 17 dias após a partida de alguém, ajudando tanto na transição da pessoa que se foi quanto no conforto de quem ficou. E assim fizemos, todos juntos, para a aluna e sua mãe.


Quando a aula terminou, senti uma vontade imensa de abraçá-la. Não somos amigas, mal nos conhecemos – apenas a vi algumas vezes na aula. E, para quem me conhece, eu sou zero abraços. Me autointitulo “Horacinha” porque tenho os braços curtos e nunca sei bem como abraçar. Mas, naquele momento, esse gesto foi muito além de mim. Foi uma necessidade que veio de outro lugar.


Fui até ela, com os olhos cheios de lágrimas, estendi meus “bracinhos” e nos demos um longo abraço.


Naquele instante, senti que era possível coexistir nesse universo paradoxal, onde alegria e tristeza, de alguma forma louca, se ajudam. E assim seguimos, tocando a vida.


Ajude Rita Avellar em seu tratamento contra o câncer de mama.
Como você pode me ajudar no tratamento contra o câncer? Clique na imagem acima.

Às vezes penso que tenho uma tendência a fazer as coisas de forma automática, sem me aprofundar muito. Algo talvez um pouco frio. Quem vê de fora acha que me jogo com tudo, cheia de emoções, mas, para ser sincera, me jogo no escuro, mais no estilo "vamos viver e ver no que vai dar" do que movida por uma paixão arrebatadora. Mas o que isso tem a ver com o tema deste texto? Bem, o fato de estar prestes a completar 10 anos vivendo em outro país — de ter imigrado — encaixa-se exatamente nessa categoria do "vamos ver no que vai dar", sem pensar muito. Inconsequente? Talvez.

Eternamente Imigrante

Minha imigração não aconteceu porque eu queria viver em outro país, nem porque desejava trabalhar fora. Não foi porque eu precisava deixar um lugar sem oportunidades e muito menos porque buscava a tão falada "liberdade". Imigrei para viver um amor que estava começando a florescer, para ver no que ia dar. E assim voltamos ao primeiro parágrafo. Inconsequente? Talvez.


Acredito que, quando se imigra por uma razão assim, fica-se com a sensação de que sempre serei uma imigrante. Meu coração, minha história, minha cultura, minhas raízes, minha língua, meu sotaque e minha alma estarão para sempre no meu país de origem. Não importa o tempo que eu viva fora, os documentos que eu tenha ou o quanto eu me adapte. Uma vez imigrante, para sempre imigrante.


Eternamente Imigrante
Sim, essa sou eu!

A cada ano nos Estados Unidos, sinto-me mais brasileira. E, a cada ano aqui, sinto mais saudade da minha terrinha. Não quero entrar na discussão sobre qual lugar é melhor. Isso não me interessa, até porque todos os países têm seus próprios problemas, aquela coisinha que dá motivo para reclamar. Ah, mas tinha que ser brasileiro, americano, sueco, jamaicano, polonês, coreano... e por aí vai.


Será que essa sensação de não pertencer vai acabar algum dia? Acho que possivelmente não. E, sinceramente, nem sei dizer se isso é bom ou ruim. Apenas sigo vivendo e sentindo-me uma eterna imigrante.


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Olá, meu nome é Rita Avellar e sou escritora. (Suspiro) Devo dizer que isso é uma frase tão pequenina, mas cheia de forte significado para mim, e extremamente difícil de dizer em alto e bom som. A fato é que, quando digo: 'Eu sou uma escritora,' a síndrome de impostor vem me dando um tapa, dizendo: 'Como é que você é escritora se não tem um livro publicado?' "Como é que você é se não tem um projeto como um filme, série de TV ou qualquer mídia por aí com seu nome!" Bem, eu tenho lidado com essa voz interior há um tempo, e estou mais do que pronta para dizer, baby, isso basta!


Oi, eu sou escritora!

Sim, não tenho um livro publicado. Ainda. Não tenho um filme ou série de TV com meu nome como o principal escritora. Ainda. No entanto, como eu digo toda vez que quero "explicar" minha paixão por escrever e contar histórias, desde que aprendi a escrever e ler, crio histórias e compartilho meus pensamentos.


Começou literalmente quando eu tinha 7 anos. Escrevi livros e contos - um quase se transformou em um curta -metragem de animação quando eu tinha 10 anos. Entrei para um clube de escritores no qual tive a oportunidade de melhorar minha escrita. Mais tarde, quando adolescente, ajudei a escrever peças e escrevi alguns poemas e alguns diários. Esses eram escritas absolutamente secretas, mas com certeza ajudaram a tirar as palavras do meu peito e evitaram algumas doenças psicossomáticas, como dor de garganta. Quando adulta, o mundo do blog me fascinou e, durante anos, eu tinha um, o Frenética S/A no qual compartilhava meus pensamentos sobre a vida, e até tive alguns fãs ao longo do caminho. Ao mesmo tempo, também escrevi para vários jornais e revistas sobre moda - tendências, mas também sobre o comportamento humano ligado à moda, um assunto que eu amava devido à minha graduação em design de moda. Acabei abrindo uma agência de marketing de conteúdo em 2009, na qual eu e minha equipe (adivinhe?) escrevia conteúdo para blogs e mídias sociais. Isso foi mesmo antes do Instagram existir. Como o Jurassic Park das redes sociais. Durante o mesmo período, comecei a escrever um livro sobre a saga de uma família no Rio de Janeiro e sua implicação com o Jogo Do Bicho. Foi quando, em 2013, fui a San Diego para estudar escrita criativa no curso de verão da UCSD. Meu projeto final, um conto, foi selecionado como um dos melhores entre os 20 estudantes, e eu era a única estrangeira (esse conto foi o que estou transformando em um curta-metragem). Depois disso, a professoara do curso me convidou para fazer parte de um clube para escritores nos quais nos encontrávamos uma vez por semana para compartilhar nossos projetos de escrita. Traduzi para o inglês meu chamado projeto de livro e o compartilhei com eles. Eles adoraram! De volta ao Brasil, estudei roteiro por um ano e entrei em outro universo, e fiquei completamente viciada. Isso foi em 2014.


Oi, eu sou escritora!
Primeira leitura do meu próximo curta-metragem, The Fat Lady

Bem, 10 anos se passaram e a síndrome do impostor estava tentando me atacar novamente. Durante esses últimos 10 anos, ensaiei alguns retornos à escrita, o que fiz aqui e ali, mas me sabotei muito, em parceria com esse cara da síndrome. Por que? Este é um dos principais tópicos das minhas sessões de terapia. Me assusta ver muitas histórias que escrevi apareceram em livros, séries de TV e filmes. Não, ninguém me copiou, é claro. Como um professor que tive durante a faculdade de design de moda comentou uma vez, as ideias estão fluindo no ar, quem tem a antena para capturá -las os pegá primeiro. Eu tinha essas antenas, ainda as tenho, só preciso ativá-las novamente. Mas mais do que ativá -los é dizer isso: eu sou um escritora, sim, eu sou!



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