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Eu estava prestes a comemorar dois anos livre do câncer no dia 19 de janeiro—meu aniversário e também o dia, há dois anos, em que meu médico me disse que o câncer tinha desaparecido após a cirurgia e seis meses de quimioterapia. Eu estava pronta para cortar o cabelo, agora que está crescendo de novo. Estava animada para planejar 2025, preenchendo com novos projetos, ideias frescas, lugares para visitar e pessoas para ver.


Mas então veio um "mas."

É O Que É

Um "mas" inesperado chegou neste inverno. E, de certa forma, até veio no momento certo—o câncer voltou.


Na verdade, segundo o oncologista, parece que o MTF (câncer de mama triplo negativo metastático) nunca realmente foi embora. O câncer foi resistente aos medicamentos. Eu sempre soube que o triplo negativo era agressivo e teimoso, mas nunca imaginei isso. Sério—nunca.


Mas é o que é, né? Não há nada que eu possa fazer para mudar ou controlar isso. Tenho que passar por todo o processo novamente.


Não consigo entender por que isso está acontecendo. Não consigo entender o que ainda preciso aprender com isso.


Ainda precisamos de mais informações para decidir os próximos passos, mas a espera é torturante. Por enquanto, aceito orações, boas energias, pensamentos positivos, oportunidades de trabalho e doações—sim, isso estará na minha lista em breve. Ser freelancer e paciente de câncer ao mesmo tempo é uma combinação complicada.


E mais uma coisa (não quero parecer rude, mas): por favor, não me deem conselhos não solicitados sobre o que eu deveria ou não fazer, a menos que tenham conversado comigo antes ou tenham experiência direta com o câncer. As informações por aí são esmagadoras, e confiem em mim—eu tentei de tudo na primeira vez: medicina tradicional, medicina chinesa e até coisas alternativas. Estou aberta a sugestões, mas me consultem primeiro.


Como se isso não bastasse, meu marido ainda está em reabilitação, e no mesmo dia em que recebi a notícia sobre o câncer, minha avó de 96 anos foi atropelada. Ela acabou de passar por uma cirurgia muito complicada. Ela é uma rocha—tem 96 anos e continua lutando.

É o que é. Seguimos em frente. Vamos lá!



Às vezes penso que tenho uma tendência a fazer as coisas de forma automática, sem me aprofundar muito. Algo talvez um pouco frio. Quem vê de fora acha que me jogo com tudo, cheia de emoções, mas, para ser sincera, me jogo no escuro, mais no estilo "vamos viver e ver no que vai dar" do que movida por uma paixão arrebatadora. Mas o que isso tem a ver com o tema deste texto? Bem, o fato de estar prestes a completar 10 anos vivendo em outro país — de ter imigrado — encaixa-se exatamente nessa categoria do "vamos ver no que vai dar", sem pensar muito. Inconsequente? Talvez.

Eternamente Imigrante

Minha imigração não aconteceu porque eu queria viver em outro país, nem porque desejava trabalhar fora. Não foi porque eu precisava deixar um lugar sem oportunidades e muito menos porque buscava a tão falada "liberdade". Imigrei para viver um amor que estava começando a florescer, para ver no que ia dar. E assim voltamos ao primeiro parágrafo. Inconsequente? Talvez.


Acredito que, quando se imigra por uma razão assim, fica-se com a sensação de que sempre serei uma imigrante. Meu coração, minha história, minha cultura, minhas raízes, minha língua, meu sotaque e minha alma estarão para sempre no meu país de origem. Não importa o tempo que eu viva fora, os documentos que eu tenha ou o quanto eu me adapte. Uma vez imigrante, para sempre imigrante.


Eternamente Imigrante
Sim, essa sou eu!

A cada ano nos Estados Unidos, sinto-me mais brasileira. E, a cada ano aqui, sinto mais saudade da minha terrinha. Não quero entrar na discussão sobre qual lugar é melhor. Isso não me interessa, até porque todos os países têm seus próprios problemas, aquela coisinha que dá motivo para reclamar. Ah, mas tinha que ser brasileiro, americano, sueco, jamaicano, polonês, coreano... e por aí vai.


Será que essa sensação de não pertencer vai acabar algum dia? Acho que possivelmente não. E, sinceramente, nem sei dizer se isso é bom ou ruim. Apenas sigo vivendo e sentindo-me uma eterna imigrante.


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Olá, eu sou Rita Avellar e estou há 49 dias sem falar sobre câncer.


49 Dias Sem Falar Sobre Câncer

Mas hoje, eu vou falar sim. Há um ano atrás eu estava tocando o meu primeiro sininho terminando a quimioterapia, a primeira e longa etapa do tratamento. Eu comecei falando aqui que estou este tempo todo sem falar sobre o câncer, porque realmente desde o início do tratamento eu nunca deixei o câncer ser parte de mim, ou seja nunca achei que essa doença me define como pessoa. Claro, falar abertamente sobre o câncer nas redes sociais me ajudou muito durante tratamento. Não só me ajudou, como também ajudou a motivar outras pessoas que estavam passando pela mesmo desafio. Mas hoje em dia quando eu olho tudo que passei, eu mesmo não acredito que passei por isso.


49 Dias Sem Falar Sobre Câncer

Nesta semana estava conversando com a minha terapeuta de como é estranho olhar para algumas fotos e me ver careca. Não me entenda mal, eu até gostei de ficar careca e curtir a facilidade de não ter cabelos. Mas quando estava sem cabelo careca e olhava as minhas fotos com cabelo longo, não me reconhecia mais. Como se eu não reconhecesse aquela pessoa mais. E agora acontece o mesmo. Quando eu olho fotos minhas careca, não reconheço mais. E é isso. Não reconhecer aquela pessoa que passou por uma doença tão esquematizada, e que ainda assombra muita gente que recebe esse diagnóstico.


Como disse, o câncer não me define como pessoa. Mas não posso deixar de celebrar cada etapa ou data. Primeiro, por ter vencido essa batalha e também por eu ter aproveitado, sim aproveitado, as experiências com que esse desafio me trouxe. Ontem na sessão de terapia, listei algumas das experiências adquiridas com essa jornada. São muitas, acho que nem cabe aqui relatar uma a uma, até porque isso é um caminho muito pessoal. Mas de fato quando a vida te dá uma situação dessa ou você escolhe aprender e crescer ou você fica reclamando e estagnado. E aí, adivinha? A vida pode te surpreende de novo com mais algum desafio. Então, eu escolhi crescer.


49 Dias Sem Falar Sobre Câncer

A todos amigos que passaram por essa, tamu junto! Não é mole não, mas há luz no fim do túnel. A todos amigos que começaram recentemente ou vão começar essa jornada, segurem firme. Como disse para mim mesmo e digo para vocês também, já deu certo.

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