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Às vezes penso que tenho uma tendência a fazer as coisas de forma automática, sem me aprofundar muito. Algo talvez um pouco frio. Quem vê de fora acha que me jogo com tudo, cheia de emoções, mas, para ser sincera, me jogo no escuro, mais no estilo "vamos viver e ver no que vai dar" do que movida por uma paixão arrebatadora. Mas o que isso tem a ver com o tema deste texto? Bem, o fato de estar prestes a completar 10 anos vivendo em outro país — de ter imigrado — encaixa-se exatamente nessa categoria do "vamos ver no que vai dar", sem pensar muito. Inconsequente? Talvez.

Eternamente Imigrante

Minha imigração não aconteceu porque eu queria viver em outro país, nem porque desejava trabalhar fora. Não foi porque eu precisava deixar um lugar sem oportunidades e muito menos porque buscava a tão falada "liberdade". Imigrei para viver um amor que estava começando a florescer, para ver no que ia dar. E assim voltamos ao primeiro parágrafo. Inconsequente? Talvez.


Acredito que, quando se imigra por uma razão assim, fica-se com a sensação de que sempre serei uma imigrante. Meu coração, minha história, minha cultura, minhas raízes, minha língua, meu sotaque e minha alma estarão para sempre no meu país de origem. Não importa o tempo que eu viva fora, os documentos que eu tenha ou o quanto eu me adapte. Uma vez imigrante, para sempre imigrante.


Eternamente Imigrante
Sim, essa sou eu!

A cada ano nos Estados Unidos, sinto-me mais brasileira. E, a cada ano aqui, sinto mais saudade da minha terrinha. Não quero entrar na discussão sobre qual lugar é melhor. Isso não me interessa, até porque todos os países têm seus próprios problemas, aquela coisinha que dá motivo para reclamar. Ah, mas tinha que ser brasileiro, americano, sueco, jamaicano, polonês, coreano... e por aí vai.


Será que essa sensação de não pertencer vai acabar algum dia? Acho que possivelmente não. E, sinceramente, nem sei dizer se isso é bom ou ruim. Apenas sigo vivendo e sentindo-me uma eterna imigrante.


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Estou encerrando este verão aqui na América do Norte com uma série de despedidas. Despedida dos dias ensolarados—embora possam retornar inesperadamente, iluminando nossos corações mais uma vez. Adeus aos vegetais e frutas frescos, especialmente as amoras mais suculentas da vida de uma fazenda perto da minha casa, disponíveis durante julho e agosto. Dizer adeus aos dias mais longos e à chance de passar mais tempo ao ar livre. Um "até logo" para o filme que acabei de terminar de filmar. Despedidas dos entes queridos, incluindo minha tia, que inesperadamente nos deixou no início de setembro.

Despedidas

Se você acha que despedidas são difíceis de lidar, considere resignificá-las. Nunca fui uma pessoa nostálgica; acredito que há um tempo para tudo. Quando digo adeus, também sinto um bem-vindo, mesmo que seja um difícil "até logo". É um bem-vindo para novas oportunidades e portas que se abrem à medida que outras se fecham. Então, renovamos, reiniciamos ou continuamos de onde paramos. Diga adeus e, logo depois, receba!

Despedidas

Receba a vida que continua, o ciclo que recomeça e a jornada que prossegue. As despedidas são importantes—elas nos ensinam essa lição. E se você precisar chorar, chore! Limpe sua alma e coração e abra-os para as boas-novas. Deixe-as vir!

 
 

Felicidade é só o que se leva. Esse pequeno trecho da música "Bem-Te-Vi", composta por minha tia, Lucina, sua parceira Lulli e meu pai, Mário Avellar sempre me tocou. Felicidade é só o que se leva dessa vida. Quando o destino bate à porta ou quando passa rasteiro, como aconteceu comigo há dois anos atrás ao receber o diagnóstico de um câncer de mama agressivo, essa frase vem de novo me lembrando que mágoas, decepções, raivas ficam pequeninas se comparadas a momentos de felicidade pura.


Só por Hoje

Mas esse assunto também me faz pensar sobre a finitude da vida. Já de antemão peço desculpas antecipadas por tocar neste assunto de novo. Envelhecer, tempo, morte. Na verdade, tem um assunto que a maioria da população mundial evita falar a todo custo, mas que todos, sem exceção, classe social, gênero, time que torce ou signo, vai passar, a morte. A dita cuja parece algo distante antes dos 50. Pelo menos foi para mim. Me aproximando da metade do século de vivência, faltam menos de 3 anos, e depois de passar pelo susto do câncer é algo que eu tenho convivo com constância.


Esse lembrete da dona morte tem dois caminhos. Depressão, sendo a primeira. De pensar que tenho menos tempo para concluir coisas que nem comecei ainda. De pensar que meu corpo parece não acompanhar mais a minha mente. E até mesmo a mente já querendo dar sinais de cansaço. Deprimente. O outro lado é justamente o lado da felicidade. Super ambíguo, eu sei. Esse outro caminho é exatamente o oposto do outro. Aqui entram os pensamentos de que ainda tenho uns 50 anos para construir tudo que ainda não comecei. Que tudo que fiz em prol do meu corpo e mente nestes últimos 47 anos estão valendo a pena já que estou envelhecendo bem. Que a gana de aprender mais e mais, me deixa viva e pulsante.



Vamos fazer assim. Seguinte os preceitos do AA e afirmar que “só por hoje” escolherei o caminho da felicidade. Amanhã voltamos a afirmar e assim a cada dia, agradecendo pela experiência adquirida, pelos anos vividos e por muitos e muitos que ainda virão. Só por hoje eu escolho a felicidade.

 
 
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